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Dos anos 80 para cá, adentramos um vasto espaço de oportunidades, onde tudo o que precisamos saber está disponível em nossas mãos. O que nem pensamos em comprar ou obter também está, assim como pesquisas e artigos — desde a teoria mais elaborada sobre o surgimento do universo até a vida das celebridades, acompanhada de perto, dia após dia, minuto a minuto, e, no final, só conseguimos ler as headlines*.
É da Internet que estou falando.
Todos receberam a Internet de braços abertos, com alegria e a sensação de que, agora sim, as coisas seriam feitas em menos tempo e com mais precisão (afinal, quantos sites e pesquisas prontas disponíveis?). Mais colaboração, já que todo mundo está conectado a todo mundo, e claramente com menos custo envolvido — abrir um negócio hoje pode levar minutos, sem filas, sem trânsito, sem precisar de estacionamento. Uma verdadeira maravilha!
Mas, como tudo que parece bom demais, vale a pena olhar um pouco mais a fundo. Aliás, é um princípio básico na minha profissão: pesquisar primeiro e confiar depois. Tudo isso é realmente de graça? Quem paga a empresa que me dá todas as informações que eu preciso? Quem financia essa conexão maravilhosa que me permite ter amigos em todos os cantos do mundo? Sei que alguns ganham dinheiro fazendo vídeos, mas como essas empresas pagam essas pessoas se não cobram pelo serviço? O que estou deixando de ver?
Ao começar a questionar e buscar entender, as coisas foram ficando mais claras e, ao mesmo tempo, mais estranhas. Com o tempo, descobrimos que tudo o que digitamos estava, na verdade, sendo armazenado, transformando-se em um grande banco de dados sobre nós. Consegue imaginar um grande livro da sua vida sendo escrito a cada interação online? Minhas buscas, postagens, vídeos, fotos, os lugares por onde passei, as viagens que fiz, os cursos que frequentei... tudo isso estava sendo guardado. Mas por quê? Medo? Apreensão? Muitos se perguntam para que estão usando essas informações. E é assim que as empresas ganham dinheiro?
Houve muitos questionamentos e buscas por respostas. Hoje sabemos que esses dados são usados pelas empresas para gerar negócios e receita. Se você vê anúncios relacionados ao esporte que segue em uma rede social, é porque você é um potencial comprador daquele acessório. Se você viaja muito para um determinado lugar, certamente vai querer ver um anúncio de viagens ou se conectar com pessoas que também curtem essa mesma aventura.
É um negócio incrível, com infinitas possibilidades. Meus dados, seu negócio.
Hoje, após inúmeros debates e projetos de lei, temos uma legislação específica para a proteção dos nossos dados pessoais (Lei 13.709 - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). Isso significa que, para usar meus dados, se não for uma obrigação legal, deve ser solicitado o meu consentimento — sim, são aquelas letrinhas miúdas nos contratos.
Perceba como as políticas de privacidade e de uso das plataformas estão em constante atualização. Hoje, as empresas precisam se adequar e esclarecer sobre as ações que realizam, e nós, usuários, também temos que prestar mais atenção a tudo. É um novo mundo, com novas funcionalidades e novos desafios. Não dá para ficar no modo offline, é preciso estar atento e acompanhar.
Minha recomendação do dia: Faça-se presente na vida das pessoas e, na internet, use apenas o necessário. Divirta-se com os memes, mas vá dormir tranquilo, sabendo que está mais consciente sobre a sua presença online.
por
Karina Queiroz
Presidente do Instituto Teckids
*headlines = um título curto que serve para chamar a atenção do público e resumir o que será apresentado na sequência
Fonte: Internet sem filtro da Rádio Piracicaba, por Karina Queiroz, presidente do Teckids e Especialista em Cyber Segurança Corporativa
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